Comunicado GEPPAV: Ainda sem solução o problema das minas de Covas

Rio Coura

O Grupo de Estudo e Preservação do Património Vilarmourense (GEPPAV) denunciou publicamente no passado dia 25 de abril mais um atentado ambiental no Rio Coura quando as suas águas surgiram opacas, com uma fortíssima coloração amarelada. Preocupado com a defesa do património natural do vale do Coura e a salvaguarda da saúde pública — existe uma captação de água para consumo público na Cavada, em Vilar de Mouros, que continua em atividade em regime de alternância — deu conhecimento às entidades competentes, exigindo o apuramento de responsabilidades e a resolução de um problema que se configura grave. Nesse mesmo dia estiveram no local elementos da Polícia Marítima e da GNR, tendo sido feita recolha de amostras de água para análise.

Pelo conhecimento de episódios semelhantes anteriores, logo apontámos as escombreiras das antigas minas de Covas como sendo a origem do problema. O que não sabíamos e, pelos vistos, as entidades que tutelam o Ambiente e a Marinha também não, é que a causa direta desta descarga de resíduos de minério nas águas do rio se deveu ao facto de ter sido iniciada “a empreitada de melhoria no controlo do escoamento das águas superficiais na área mineira de Covas”, da  EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro, S.A., que entregou essa obra, por ajuste direto, no valor de € 87.951,50 à FR3E–Energia e Novas Oportunidades, Lda.


Depois disso, o GEPPAV deslocou-se ao sítio das antigas minas por mais que uma vez, sendo a primeira a 4 de maio e a última a 22 de junho, desta feita acompanhado por um membro da Junta de Freguesia de Covas. Daquilo que é visível, houve uma forte movimentação de terras com maquinaria pesada, a instalação de caixas em cimento, ligadas entre si por tubagem, em parte já enterrada, e foram abertas valas para a colocação de pedra calcária com o objectivo de melhor filtrar a passagem de resíduos poluentes. Note-se, porém, que tudo isto acontece a jusante das escombreiras o que, indiciando a intenção de melhorar o que já existe, não vai à génese do problema que estará no atravessamento daquelas pelo curso de água regular da ribeira do Poço Negro.


O GEPPAV reconhece a necessidade de uma intervenção nas antigas minas de Covas em defesa do Rio Coura e de toda a área envolvente mas exige que a mesma seja feita em termos tais que resolvam efetivamente o problema de uma vez por todas. Nomeadamente, removendo os resíduos entretanto acumulados nas represas durante anos e evitando a passagem das águas da ribeira do Poço Negro nas escombreiras, de modo a que fenómenos como o que aconteceu a 25 de abril último não se voltem a repetir. Por outro lado, espera que seja rapidamente dado a conhecer pelas entidades responsáveis o resultado das análises realizadas às amostras de água recolhidas, dado que, apesar da nossa insistência, nomeadamente junto da Delegação de Saúde de Viana do Castelo e do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR de Valença, ainda nada foi possível apurar.

GEPPAV - 1 de Julho de 2013

Rio Coura